A Selic ou taxa Selic, como também é conhecida, é utilizada como instrumento de política monetária para controlar a inflação no país e impacta diretamente as taxas de crédito para os empreendedores. Nesse sentido, diante da sua elevação, é fundamental redobrar a atenção em relação à gestão financeira dos seus negócios.

Isso porque, basicamente, é a Selic o parâmetro de juros que os bancos comerciais utilizam para oferecer crédito para empreendedores. Assim, o seu aumento envolve todas as modalidades de crédito, que ficam mais caras, incluindo taxas de maquininhas de cartão, cheque especial e rotativo dos cartões.

Para um melhor entendimento sobre o assunto e seus desdobramentos, neste artigo vamos explicar o conceito de taxa Selic, seus impactos na vida econômica do país e sua influência sobre as empresas. Boa leitura!

O que é a taxa Selic?

A Selic é a sigla do Sistema Especial de Liquidação e Custódia, um programa virtual onde ocorre diariamente a compra e venda de títulos do Tesouro Nacional pelas instituições financeiras. Aqui, é importante saber que apenas essas instituições e o Banco Central podem negociar títulos nesse sistema, não sendo permitido o acesso de pessoas comuns.

Já a taxa Selic se refere aos juros dos títulos públicos que o governo oferece nesse sistema. Ela é utilizada como taxa básica para estabelecer os juros da economia no Brasil e, conforme já comentamos, influencia todas as outras taxas de juros aplicadas no país, como as de financiamentos, empréstimos, cartões de crédito, maquininhas de cartão e retornos de investimentos.

Essa taxa é estabelecida pelo Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, órgão do Banco Central formado pelo seu presidente e por alguns diretores. Eles se reúnem a cada 45 dias para definir se a Selic aumenta, diminui ou se mantém estável. Em maio de 2022, por exemplo, ela foi definida em 12,75% ao ano.

Qual o impacto das alterações da taxa Selic na economia?

A Selic é um dos componentes centrais da estratégia de política monetária do Brasil, que se fundamenta em um sistema de metas de inflação, criado em 1999. Ele estabelece o compromisso do país em adotar medidas necessárias a fim de manter a inflação de acordo com uma faixa estabelecida periodicamente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é composto por ministros e pelo presidente do Banco Central.

O principal objetivo desse sistema é garantir a estabilidade da economia e evitar descontroles de preço como os que os brasileiros tiveram que enfrentar em décadas passadas e que provocam a perda do poder de compra da moeda. Nesse sentido, a meta é considerada cumprida quando a inflação acumulada no ano fica na faixa de 2,5% a 5,5%.

Por que ocorrem as alterações?

Para manter a inflação nesse patamar, a principal estratégia da política monetária é controlar a quantidade de dinheiro que circula na economia. A ideia por trás disso é: quanto maior for a disponibilização dos recursos, maior será a tendência de consumo. E, quando a demanda de produtos e serviços aumenta, é natural que os preços subam, assim como o contrário também é verdadeiro.

É aí que a Selic entra, já que é a principal ferramenta que o Banco Central adota para controlar o volume de recursos em circulação. Por esse motivo, em momentos de aquecimento da economia, com os preços começando a aumentar e interferindo na meta de inflação, a taxa é elevada.

Dessa forma, com juros mais altos, fica mais caro para pessoas físicas e jurídicas (e até para o governo) tomarem crédito. Isso desestimula o consumo e ajuda no controle de preços. Já a medida oposta é adotada em períodos em que a inflação está sob controle ou abaixo da meta. Assim, quando há espaço, a Selic diminui, estimulando o consumo e ajudando no aquecimento da economia.

Quais são os principais impactos?

Os principais impactos da Selic no dia a dia dos brasileiros se relacionam com crédito, consumo e investimentos, conforme comentamos a seguir.

Impacto no crédito

Como a taxa Selic é utilizada como referência para o custo das linhas de crédito em geral, ao ser elevada, a tendência é de que empréstimos e financiamentos fiquem mais caros devido à alta de juros nessas operações. Quando a taxa diminui, ocorre o movimento contrário, com juros de crédito mais baratos.

Impacto no consumo

O crédito e o consumo caminham juntos. Assim, quando empréstimos e financiamentos ficam mais caros, é natural que o nível de consumo comece a diminuir, pois o custo dos produtos e serviços também cresce. Dessa forma, quando a Selic sobe, há uma tendência na redução das compras. Quando ela cai, o consumo tende a aumentar.

Impacto nos investimentos

Em geral, uma elevação da Selic é benéfica aos investimentos de renda fixa, já que oferecem uma remuneração ligada aos juros. Exemplos disso são:

  • títulos públicos do governo federal;
  • CDBs emitidos pelos bancos;
  • letras de crédito;
  • debêntures, entre outros investimentos.

Todos esses papéis apresentam uma tendência a uma rentabilidade maior quando a Selic está em alta.

Quais são os mecanismos que envolvem a divulgação da taxa Selic?

Antes de saber com a taxa Selic impacta as empresas, é preciso entender os mecanismos que envolvem a divulgação das decisões do Copom ao mercado. Embora a taxa adotada seja divulgada ao público assim que a reunião termina, os detalhes dos motivos são informados somente seis dias úteis depois, com a publicação da ata da reunião.

Tradicionalmente, as reuniões ocorrem entre terça e quarta-feira de uma semana, e o documento final é emitido na terça-feira da semana seguinte. A ata do Copom é tratada com muita seriedade por ser considerada um importante canal de comunicação do Banco Central com a sociedade brasileira, principalmente com o mercado e os agentes econômicos.

Dessa forma, quanto mais transparente o órgão for, mais alinhadas estarão as expectativas do público em relação às decisões. A confiança que essa comunicação clara e constante gera na sociedade é essencial para o funcionamento do sistema de metas de inflação.

Como as informações divulgadas sobre a Selic impactam as empresas?

Se um empreendedor confiar que a inflação e a Selic permanecerão estáveis, ele se sentirá mais confiante para as suas tomadas de decisão. Por exemplo, ele poderá solicitar um empréstimo para investir na melhoria do seu estabelecimento sem ter medo de que os juros aumentem no mês seguinte.

Além disso, ele pode ficar tranquilo para investir ou não em estoques, pois consegue estimar o nível de demanda que ocorrerá dali para frente. Em suma, o mais importante para os agentes econômicos é que não sejam pegos de surpresa pela condução da política monetária.

Por esse motivo, a ata do Copom explica e contextualiza a decisão tomada sobre Selic. Em geral, ela apresenta uma análise da evolução recente, bem como as perspectivas para a economia brasileira. Também são consideradas as perspectivas para a economia global.

Documentos que orientam o mercado

Além da ata da reunião do Copom, o Banco Central publica outros documentos periódicos com o objetivo de orientar o mercado sobre as suas expectativas e futuras decisões. Um deles é o Relatório de Inflação, um documento extenso que apresenta as projeções para a inflação com base no cenário atual, considerando também eventuais mudanças de perspectivas.

Como a taxa Selic influencia as empresas?

Os aumentos sucessivos da taxa Selic se tornaram uma grande preocupação para os empreendedores. Conforme já comentamos, essa variação tende a elevar também as taxas de juros das linhas de crédito oferecidas para os pequenos negócios.

Segundo o Sebrae, as micro e pequenas empresas que obtiveram o crédito com garantias do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), em 2020 e 2021, no período da pandemia, precisam ter cuidados, já que as taxas de juros desse programa são pós-fixadas pela Selic.

Dessa forma, as prestações dos empréstimos ficam maiores e, mesmo aquelas que ainda se encontram em período de carência, terão os seus saldos devedores reajustados com base em uma Selic maior. Essas questões sinalizam para que os empreendedores entendam esse cenário e adotem medidas para ajustar a empresa e continuar lucrando, mesmo em ambiente econômico instável.

O principal é identificar os pontos que precisam ser revistos na empresa para equilibrar o seu caixa, especialmente se existir uma necessidade de adquirir crédito bancário, contratar funcionários, comprar equipamentos, utilizar o capital de giro, entre outras coisas.

Para isso, é preciso entender e acompanhar a taxa Selic, bem como colocar as contas na ponta do lápis, conhecendo bem a estrutura dos custos e do fluxo de caixa, para conseguir tomar as melhores decisões para o negócio com base em um planejamento financeiro.

Conforme mostramos ao longo deste artigo, a taxa Selic impacta diretamente a economia do país e, por consequência, os pequenos empreendimentos devido à variação nos juros. Por isso, em momentos de instabilidade econômica e alta da taxa, é fundamental negociar e buscar as melhores taxas de juros para créditos, inclusive para as maquininhas de cartão.

Essas informações foram úteis? Para acompanhar as nossas publicações, você pode nos seguir no Instagram!