As moedas digitais de banco central (termo que tem origem no inglês Central Bank Digital Currency, ou CBDC), ganharam muita popularidade nos últimos anos, especialmente com o início de projetos apoiados por governos como os de Bahamas, Camboja e China. Eles lançaram moedas como o Sand Dollar, o Bakong e o Yuan Digital. No Brasil, essa novidade deverá chegar em breve, com o real digital.
O real digital é o projeto do Banco Central de criação de uma versão virtual do Real. Ele faz parte das iniciativas brasileiras para manter o sistema financeiro nacional robusto e alinhado com os padrões internacionais.
Se você quer saber dele em detalhes e como utilizá-lo ao seu favor, confira o post a seguir!
O que é o real digital?
O real digital é um projeto do Banco Central brasileiro para explorar, testar e desenvolver as características funcionais e tecnológicas de uma versão CBDC do real. O seu lançamento se deu a partir da criação de um grupo de estudos, que foi estabelecido com a Portaria nº 108.092/20, de agosto de 2020. Esse grupo de trabalho envolve representantes dos seguintes departamentos:
- Meio Circulante;
- Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos;
- Promoção da Cidadania Financeira;
- Regulação;
- Supervisão;
- Assuntos Internacionais;
- Estudos e Pesquisas;
- Conduta;
- Tecnologia da Informação;
- Procuradoria.
Os trabalhos iniciais desde grupo já foram publicados e entregues para um setor chamado Diretoria Colegiada. Após a publicação, um fórum foi estabelecido. A sua função será orientar as discussões sobre o real digital com o time de servidores e técnicos do Banco Central e, como resultados, o Brasil já conta:
- com um conjunto de diretrizes globais do Real Digital, que foram divulgadas em maio de 2021;
- com o Lift Challenge Real Digital (Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas - Fenasbac e Banco Central do Brasil);
- a realização de um conjunto de webinars que são focados em debateras potenciais aplicações dessa nova moeda com a sociedade brasileira e os interessados no tema.
Por qual motivo o real digital foi inventado?
As moedas digitais de banco central passaram a ter muita força nos últimos anos. Elas são vistas como um meio de otimizar a participação de pessoas no mercado financeiro e, ao mesmo tempo, de aumentar a competição entre as empresas do setor. Com mais concorrência, os consumidores poderão aproveitar serviços mais inovadores, eficientes e baratos.
Ao mesmo tempo, as CBDCs são uma forma de popularizar o acesso a serviços bancários. Como elas reduzem os custos que envolvem operações financeiras, mais pessoas podem se bancarizar. Em um país como o brasileiro, isso é fundamental para a promoção da nossa prosperidade.
Todos esses benefícios potenciais levaram o Banco Central a trabalhar no desenvolvimento de um MVP (Produto Minimamente Viável) do real digital. Uma vez concluído, ele será disponibilizado para que a sociedade civil e as empresas da área possam submeter propostas de melhorias e funcionalidades práticas. Além disso, haverá a busca ativa por mecanismos para maximizar a segurança e garantir que, uma vez finalizado, o real digital será uma inovação capaz de trazer grandes benefícios para os brasileiros.
Como o real digital vai funcionar?
Como apontamos, as primeiras etapas do real digital envolvem a criação de um Produto Minimamente Viável e a coleta de sugestões da sociedade para a sua melhoria. O grupo de trabalho do Banco Central já mantém um conjunto de funcionalidades em mente para a moeda. Elas otimizarão os meios de pagamento nacionais e passarão por mecanismos inteligentes como:
- a Entrega contra Pagamento, também chamada de DvP, para ativos digitais. Esse é um mecanismo que protegerá os participantes de qualquer transação financeira contra eventuais erros em ambientes virtuais ou que sejam “tokenizados”;
- o Pagamento contra Pagamento (PvP), que é um recurso voltado para o câmbio entre duas moedas, a resolução tradicional de transações e, também, da Internet das Coisas (IoT);
- as Financeiras Descentralizadas (DeFi), que serão orientadas pelas normas nacionais do Banco Central focadas em rotinas de supervisão e que farão uso do real digital;
- os mecanismos de pagamento offline, que reduzirão ao máximo a necessidade de uma conexão ativa de internet para o uso da moeda;
- os recursos de segurança e privacidade digital, que mitigam o vazamento de dados, mantém a conformidade com a LGPD e evitam fraudes;
- a capacidade de escalabilidade, que é fundamental para o uso em cenários de alta demanda;
- a possibilidade de interoperabilidade com outros meios de pagamentos, o que maximizará os potenciais usos do real digital tanto nas operações financeiras do varejo quanto nas transações do atacado.
O real digital é uma criptomoeda?
Apesar das semelhanças, o real digital não deve ser confundido com as criptomoedas. Sim, ele poderá contar com o apoio de uma tecnologia com o blockchain, mas essa moeda será centralizada e totalmente auditada pelo Governo Federal. Além disso, o seu valor será lastreado ao real, o que reduzirá a sua volatilidade a médio e longo prazo.
Em outras palavras, o real digital é uma versão nova da moeda soberana brasileira. Ele terá como foco dar apoio à criação de um ambiente mais seguro e funcional para que desenvolvedores e brasileiros possam fornecer e utilizar soluções financeiras de alto nível, com a confiabilidade que a regulação do Banco Central fornece. Isso ajudará a modernizar o sistema financeiro brasileiro, otimizar a comunicação entre instituições bancárias e dar mais segurança e privacidade para quem realiza operações em todo o território nacional.
O mercado financeiro brasileiro se destaca internacionalmente pela sua capacidade de inovar e buscar novos caminhos para solucionar problemas existentes. Na área da segurança, o país é conhecido por ter um padrão robusto de meios para prevenção de fraudes e vazamentos de dados. Já em termos de usabilidade, as soluções de pagamento, envio e recebimento de receitas estão na liderança mundial em termos de acessibilidade, usabilidade e confiabilidade.
O real digital está sendo criado para manter esse padrão de modernização do sistema financeiro nacional. Com ele, empreendedores, investidores e consumidores conseguirão utilizar serviços bancários e financeiros com mais flexibilidade e privacidade. Por isso não deixe de ficar atento para os próximos passos dessa moeda em nosso blog nos próximos meses!
Quer saber mais sobre esse tema? Aprenda com o coordenador dos trabalhos de implantação do Real Digital do Banco Central. Fábio Araújo explica em vídeo como o Real Digital será um dos meios de pagamentos no Brasil.
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