Você sabe o que é payback? Esse é um indicador bastante importante para ajudar o dono de um negócio a definir o seu planejamento financeiro e entender se um determinado investimento vale a pena. Assim, sempre que um negócio resolve iniciar um projeto, uma ampliação ou até mesmo abrir um novo empreendimento, é preciso calcular o payback.

Mas, se você nunca ouviu falar nessa métrica, não se preocupe. Neste artigo, explicaremos o que é payback, a sua importância para o pequeno negócio, as suas vantagens e limitações, a diferença entre o sistema simples e o descontado e como fazer esses cálculos. Por fim, citaremos cuidados a serem observados. Boa leitura!

O que é payback?

O payback — que, em tradução livre, significa retorno — é uma métrica cujo cálculo indica o tempo (meses ou anos) que leva para você recuperar uma determinada quantia aplicada em algum projeto do seu negócio. Em outras palavras, o termo corresponde ao tempo de retorno desse investimento.

Com esse cálculo, você consegue saber quanto tempo ainda vai demorar para o seu negócio igualar o valor gasto no investimento com o valor recebido. Esse indicador é bastante utilizado pelos empreendedores em suas análises para entender se determinado investimento vale a pena.

Qual a importância do payback para o pequeno negócio?

O payback é um indicador que contribui bastante para o seu planejamento financeiro. Afinal, ele oferece uma espécie de previsão a respeito do tempo de retorno do seu investimento. Assim, na hora de estabelecer as metas e os planos de ação para os próximos meses, você já inclui as perspectivas mostradas pelo resultado do cálculo.

Mas essa métrica também ajuda o empreendedor a analisar a viabilidade dos projetos e a tomar decisões sobre possíveis investimentos. Com o cálculo, você pode avaliar, com precisão, se o tempo de retorno vale a pena de acordo com as diretrizes do negócio ou se é melhor investir em outro negócio que terá um payback mais rápido, por exemplo.

Assim, trata-se de um indicador que oferece mais segurança para o empreendedor apostar em determinados projetos, já que as perspectivas de prazo apresentadas pelo cálculo atendem às suas expectativas ou, pelo menos, encaixam-se nas possibilidades do negócio.

Qual é a relação entre payback e fluxo de caixa?

Para que um projeto seja viabilizado, é essencial que seja muito bem planejado para não haver surpresas. Por isso, o payback está 100% relacionado com a organização do fluxo de caixa. Isso significa que, para pensar em Tempo de Retorno do Investimento (TRI), é imprescindível que todas as saídas de dinheiro do negócio sejam programadas com as futuras entradas.

Com a projeção do fluxo de caixa, os gestores conseguem ter total segurança sobre quando aplicar o dinheiro conforme a captação em determinado período. Assim, no fluxo de caixa, falamos em captação e aplicação. Já quando o assunto é payback, é referido o espaço de tempo necessário para o dinheiro que saiu retornar ao negócio.

Nesse período, é preciso incluir as despesas e receitas atuais e futuras. Dessa forma, é fácil entender o porquê da relação entre fluxo de caixa e payback ser tão forte.

Quais as vantagens e limitações para o pequeno negócio?

Em geral, os gerentes aplicam o método de período de retorno para avaliar, de maneira simples, os projetos que terão investimentos inferiores. Por isso, o payback é a estratégia mais indicada para pequenos negócios e startups, já que o tempo e o esforço utilizados para realizar análises econômicas mais sofisticadas não são necessários em projetos menores. Contudo, ele não é empregado apenas por esses empreendedores que estão no início.

Vantagens do payback

A principal vantagem do payback é ele ser considerado como uma ferramenta financeira para a triagem na avaliação de projetos. É por meio dessa primeira análise do período de recuperação do investimento que os gestores conseguem testar se vale a pena investir.

Após esse período de teste, o negócio pode avançar para uma análise mais sofisticada e detalhada, com metodologias que considerem o Valor Temporal do Dinheiro (TVM) . Esse conceito entende que, quanto antes o negócio dispor do dinheiro, mais cedo ele conseguirá maximizar o seu valor, bem como a Taxa Interna de Retorno (TIR ).

Limitações do payback

Quando um projeto é trabalhado, as entradas de caixa podem não ocorrer de maneira linear. Esse é o caso daquelas iniciativas que só obtêm a recuperação do investimento além de um tempo previsto. Também pode acontecer de elas terem boa taxa de retorno, mas essa não ser utilizada para o período previamente estabelecido.

Mas, quando o retorno do investimento é o único indicador para avaliação da viabilidade de um projeto, ele pode ser arquivado. Nesse caso, não é considerada a possibilidade de um investimento continuar a dar retorno por muito tempo após o seu pagamento. Isso porque o payback trabalha com os prazos mais curtos.

Em resumo: o método payback não considera o Valor Temporal do Dinheiro (VTD), nem as entradas obtidas após o investimento inicial ter sido recuperado.

Quais as diferenças entre o payback simples e o descontado?

A seguir, você verá um detalhamento do payback simples e do descontado, entendendo as diferenças entre os dois.

Payback simples

O payback simples se refere a uma medida muito utilizada no dia a dia, especialmente quando necessitamos de contas rápidas, não havendo muito tempo disponível para análises mais aprofundadas. Suas principais vantagens são:

  • ser simples e rápido;
  • ser uma medida de risco do investimento — quanto menor o período de payback, mais líquido será o investimento e, por isso, menos arriscado.

Mas ele apresenta desvantagens que precisam ser observadas, como:

  • não considera o valor do dinheiro no tempo;
  • não leva em conta os fluxos de caixa após o período de payback;
  • não inclui o custo de capital do negócio.

Por esses motivos, o método do payback simples não é recomendado, embora seja muito utilizado na prática. O grande problema dessa metodologia é não considerar o valor do dinheiro no tempo, o que o torna matematicamente incorreto, já que diverge dos conceitos de relações de equivalência entre taxas.

Payback descontado

O payback descontado é semelhante ao simples, porém, nele, utiliza-se uma taxa de desconto e uma correção monetária (que muda de acordo com a valorização da moeda) antes de se fazer a soma dos fluxos de caixa.

Normalmente, esse desconto será a TMA (Taxa Mínima de Atratividade). Assim, todos os fluxos futuros de caixa deverão ser descontados por essa taxa em relação ao período ao qual eles estão atrelados. Suas principais vantagens são:

  • é um método simples e prático;
  • considera o valor do dinheiro no tempo.

Já a desvantagem do descontado é não levar em conta os fluxos de caixa após o período de payback. Dessa forma, podemos observar que cada um dos métodos citados exige um cálculo específico e a principal diferença entre os dois é que esse considera a correção monetária e os juros, enquanto o simples, não.

Nesse sentido, embora o payback simples seja mais fácil, ele não é tão preciso, por isso, o mais indicado a ser utilizado é o descontado, já que garante mais exatidão aos cálculos.

Como calcular o payback simples?

O cálculo do payback é relativamente simples e você mesmo consegue fazê-lo para entender o prazo de recuperação do seu investimento. Ele também permite que você utilize recursos do seu negócio sem comprometer, por exemplo, o seu fluxo de caixa, já que esse aspecto é considerado e o investimento é “controlado”, havendo perspectiva de retorno. Além disso, é possível analisar os riscos de cada investimento feito no seu negócio.

Para calcular o payback simples, divide-se o investimento aplicado pelo saldo médio do fluxo de caixa no período considerado. A fórmula, nesse caso, é a seguinte:

investimento / saldo médio do fluxo de caixa = payback simples

Então, vamos supor que você esteja pensando em comprar uma nova máquina de café para o seu restaurante e esse item custe R$5.000,00. A sua perspectiva é de que, por mês, ela traga um rendimento de R$500,00 para o negócio, considerando, por exemplo, que os clientes começarão a pedir um café após o almoço.

No payback simples, esse valor corresponde ao saldo médio do fluxo de caixa. Então, o cálculo fica assim:

R$5.000,00 / R$500,00 = 10

Isso significa que levará 10 meses para você receber o valor correspondente ao investido na nova máquina de café. Após esse prazo, a ideia é que ela comece a gerar lucros para o negócio. Assim, a partir desse cálculo, você consegue avaliar melhor se vale a pena ou não comprar esse produto, de acordo com o momento atual do seu negócio.

Como calcular o payback descontado?

Conforme já foi comentado, o payback descontado considera mais alguns fatores, como taxa de desconto e correção monetária, fatores variáveis. Por isso, antes de partirmos direto para a fórmula, é preciso entender mais dois conceitos:

  • Taxa mínima de atratividade (TMA) — que mostra qual é a rentabilidade mínima do investimento de acordo com a taxa básica de juros (Selic), por exemplo, ou alguma outra que você preferir. O importante é decidir qual será o padrão aplicado ao valor do fluxo de caixa no cálculo;
  • Valor Presente Líquido (VPL) — que corresponde ao valor líquido do seu fluxo de caixa, considerando as quantias que virão posteriormente (esse indicador considera o dinheiro no tempo, já que R$100 no futuro não terá o mesmo valor de R$100 hoje).

Para descobrir o payback descontado, continuando com o exemplo da máquina de café e considerando que a TMA seja de 10%. O valor descontado é obtido com a seguinte fórmula:

500 / (1+0,10)1 = 454,54545

Assim, esse valor deve ser aplicado no cálculo do payback, que, nesse caso, resulta em:

investimento / saldo médio do fluxo de caixa = 5.000 / 454,54545 = 11

Isso significa que, com os valores descontados, o retorno do seu investimento na máquina de café virá em 11 meses (e não em 10, como mostra o cálculo do payback simples).

Quais cuidados devem ser tomados na elaboração dos cálculos?

O cálculo de payback exige muito cuidado e atenção aos números do negócio. Dessa forma, ser capaz de avaliar outros fatores, como o fluxo de caixa, o período contemplado, as atualizações e as projeções realistas, bem como saber acompanhar esses números, é de extrema importância para identificar os valores mais assertivos. Veja, a seguir, o que deve ser observado.

Fluxo de caixa

O fluxo de caixa deve ser controlado de maneira minuciosa, considerando todas as receitas e despesas, os planos de expansão e de investimento, assim como todos os demais detalhes que podem ser importantes para o negócio.

Período contemplado

Para calcular o payback, determine o período conforme o perfil do negócio. Aqui, podem ser considerados meses ou anos, dependendo do que for estabelecido pelos gestores.

Atualização

Para garantir cálculos e dados corretos, é preciso implantar uma rotina de atualização do fluxo de caixa, de modo a avaliar os custos e os ganhos e conseguir estabelecer quais receitas e despesas são excedentes.

Com base nessa atualização diária, é possível fazer uma revisão do negócio e do orçamento e, a partir disso, tomar decisões mais estratégicas de acordo com a realidade do negócio.

Projeções realistas

Para que as projeções sejam realistas, é importante considerar todas as possibilidades, principalmente as que se referem às perdas, como um percentual de atrasos em pagamentos ou de inadimplência.

Acompanhamento

O acompanhamento próximo e rotineiro da movimentação do fluxo de caixa é essencial, pois ele permite realizar alterações em tempo hábil, fazer previsões e identificar novas oportunidades para o negócio, avaliando riscos e fazendo revisões sempre que necessárias.

Conforme comentamos ao longo deste artigo, saber calcular o payback é fundamental, pois ajuda o dono de um negócio a verificar se vale ou não a pena realizar um determinado investimento. Com isso, é possível fazer um planejamento de acordo com a realidade e garantir a saúde financeira do empreendimento.

E você, já calculou o seu payback? Para melhorar ainda mais o setor financeiro do seu negócio, convido você a conferir este artigo: Índice de lucratividade: como calcular?